quarta-feira, 30 de janeiro de 2013



Batuque é um privilégio

Vou direto ao: estou criando mais um blog – oh vida! – para relatar minhas experiências com a escrita no mundo digital. Se você, como eu, decidiu fazer da literutura ou da arte, whatever, a sua vida, aprochegue-se. Tentarei poupá-lo das minhas dores decorrentes do processo da escrita(o que me fez uma escritora desesperada; uma escritora sem livro publicado ainda. Mas o escritor moderno é um pouco de tudo: blogueiro, palhaço, publicitário, palestrante e às vezes um escritor sem livro publicado!). Dessa forma, o motivo deste diário (sou tão antiga) é relatar a minha tentativa de viver da escrita navegando no mundo digital, diga-se: Kindle, Kindle Fire, Apple Ipad, Iphones...

Começo Tudo começou com a ideia abstrata de um livro de aventuras, infanto-juvenil. Não quero entrar em detalhes do meu antes. Da minha vida. Eu decidi desde cedo, com impulso febril, ser jornalista. Por que? Porque queria escrever. Bom, do pouco jornalismo que pratiquei  restou-me uma ressaca sentimental. O jornalismo que eu queria – cultural,romântico – hoje em dia não serve nem pra enrolar o peixe podre do dia seguinte. Abandonei o jornalismo em partes. Em 2006 fui morar na Espanha e o tempo passou como se me desse uma bofetada,e aqui estou eu morando em Londres há quase três anos. Durante esse tempo, quero ressaltar, fiquei confusa e desesperada. Perdi a noção do que queria fazer. Trabalhei em lanchonetes, limpei chão, etc. A vontade de escrever continuava dentro de mim; acumulei o desejo, um dia colocaria tudo pra fora, pensava. 

Agora, darei um salto, detalhes não importam tanto.Em 2009 eu tive então a ideia de escrever meu primeiro livro (não posso fazer nenhum comentário sobre, pelo simples motivo: enviei o tal livro pra alguns concursos que não aceitam obras que tenham sido divulgadas, me calo).No primeiro instante, não me levei a sério. Escrevi a introdução e desisti depois do primeiro capítulo. Desistir é tentador! 

Um ano depois, com ajuda e total incentivo de um tio escritor, voltei a pensar no livro. Comecei a planejá-lo, a criar os personagens, a pesquisar sobre o lugar da estória... Enfim, terminei- o no segundo semestre de 2012. Falo assim, como se nem tivesse doído, mas encravou unha, coração e alma. Foi difícil pra ca-ram-ba! Agora é a luta para publicá-lo, e a jornada é pedregosa.

Durante o processo de finalização do livro eu me deprimi bastante. Entrei numa crise existencial sem tamanho. Comecei a fazer terapia, a buscar sentido... quando o sentido estava ali diante de mim, mas exigia-me forças pra não desistir. Larguei o trabalho que não me fazia feliz, ‘desparafusei’. Sem trabalhar, concentrei-me na edição final do livro e entre outras coisas, concentrei-me no desejo de sonhar. É possível fazer o que se gosta? Sim, sem esperar muito em troca. Apenas uma rima. 

Finalizado o livro, veio-me a necessidade de criar algo novo (keep writing), procurar trabalho ao mesmo tempo(viver sem grana é impossível!)e tentar equilibrar um trabalho sem vocação para, com a escrita desejo. Não tem sido fácil. Mas nesse tempo de folga, tive o privilégio de dedicar-me à contemplação dos dias, das horas e do pensamento. Conclusão: o mais importante é escrever. Se as coisas que escrevo venderão, quem vai saber! Eu sei que bunda vende como água, mas... Esse mundo não me parece muito justo mesmo, e eu não sei escrever sobre dicas de maquiagens e relacionamentos. Só quero escrever o que tenho vontade. E ponto. 

Infelizmente, não tenho uma receita de sucesso. Meu livro ainda está “engavetado”  enquanto aguardo notícias desses concursos literários... Por outro lado, editoras as quais entrei em contato, nem sequer aceitam receber o original para leitura... Como os novos autores sobrevivem, não sei. Quer dizer, sei: vivem desesperados, como eu. 

Novo projeto Comecei a escrever um livro de contos e já o tenho quase “prontito” para ser publicado. É aqui onde queria chegar, ufa! Quando alguém se propõe a trabalhar com arte, literatura, tem que ter a cabeça fresquinha e manter o foco. Como não vou abusar da paciência de Deus e implorar-lhe que me salve!, me ajude, decidi fazer por mim mesma. 

Estou organizando-me para publicar esse livro de contos no meio digital, para leitores de e-book. Sei que a coisa ainda não ‘colou’ no Brasil (pelo que tenho acompanhado) mas aqui na Inglaterra não se fala em outra coisa. Um e-book é tão normal quanto um livro de papel. O importante é ler e o Brasil precisa aprender essa lição básica. 

Depois desse bla bla bla, caso tenha interesse em seguir-me: pretendo contar sobre o processo de escrita, de publicação digital, etc. Quem sabe isso servirá de apoio a algum escritor inciante(amador)como eu?

Que não se desespere, espere! Se você acredita que tem talento (e não tenha medo de assumir o talento), não pare de escrever – essa é a minha dica-clichê do dia (taí, tenho várias dicas clichês). O talento é um privilégio. E uma coisa é certa, pode-se aprender a ser médico, físico, advogado, mas não existe escola que ensine uma pessoa a se tornar escritor. A escola da vida,sim, com uma boa palmatória.


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