domingo, 24 de fevereiro de 2013

São Dez Contos



Cinco Meses



Dez contos



Um minuto de silêncio



Livro publicado 




À venda no site da Amazon (todos os países). Para comprar o livro: http://www.amazon.com.br/S%C3%A3o-dez-contos-ebook/dp/B00BK5WQ88/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1361722911&sr=1-1

Caso não tenha o aplicativo do kindle, baixe-o aqui (é gratuito):  http://www.amazon.com.br/gp/feature.html?ie=UTF8&docId=1000828031

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013



Revista Pessoa

Pessoa escritora e imaginativa, procura-se: 


A revista de literatura lusófona Pessoa acaba de lançar uma boa oportunidade para novos escritores. Eles publicarão contos inéditos de autores estreantes, em março. 

Cada escritor poderá enviar mais de um texto(eu mandei 4! I know...), mas apenas um será publicado. Pelo que vi na página da Pessoa, no Facebook, a "curadoria é do escritor Luiz Ruffato" (!). 

Informe-se aqui: http://www.revistapessoa.com/

Para enviar os seus contos, pessoa: ineditos@revistapessoa.com
Eu já mandei os meus! 
 

Mais: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/92940-chegando-a-hora.shtml



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013



A importância de uma janela

Os rituais e manias de escritores costumam chamar a atenção de leitores ( e de wannabe escritores como yo). Eu, por exemplo, adorei saber que Lygia Fagundes Telles (sou fã dela) escreve com música clássica; tampouco eu consigo concentrar-me com palavras além das que pretendo colocar no papel.  Há ainda os escritores que escrevem à mão!, os que precisam tomar um café antes ou um vinho durante... e por aí vai. 

Sou a favor de manter um rotina, mas não necessariamente uma rotina organizada. Quando escrevo, sou bem caótica.  Não tenho horário. A princípio isso me preocupava, achava que todo escritor tinha uma rotina e a seguia diretinho. Bom, não sou escritora; mas como amadora que escreveu dois livros, confesso que o meu espírito é teimoso. Não sigo um processo, mas forço-me a escrever quase todos os dias ou a exercitar o pensamento e a palavra. Escrever exige alma, suor, lágrima e coração sem preconceitos. Cheio de amor. 

Nas madrugadas eu não consigo escrever um ponto e vírgula. Sou do dia. E preciso de uma janela. 


A janela -  Quando me mudei para o flat onde moro em Londres, cismei que queria uma mesa no escritório. Comprei uma baratinha (e simpática, encaixou-se humildemente no canto da parede, sem quase incomodar o espaço do meu marido). Em cima dela coloquei uma tela de computador grande (=miopia), um porta-retatro, alguns livros em volta. Passei uns meses admirando a mesinha, a nova cadeira laranja“larangiratória”, uma quase palavra. Mas não me sentava ali para escrever.
Falta algo..., pensei.
Uma janela! 

Comecei, então, a usar a mesa da sala-cozinha, o meu flat é pequeno. Olhei para a ela, resumida na sua função de ser mesa: aguentando o tédio das manhãs rotineiras, quando me sentava para o café da manhã sempre igual: desânimo. Além de aturar, em cima dela, o peso de um relógio de parede que nunca funcionou. Parêntesis: (Gosto dos relógios parados. Nenhum relógio funciona na minha casa. O da sala, o da cozinha, o do fogão, o do dvd... estão todos parados num tempo que existe, existe onde?). Enfim, a localização da nova mesinha era perfeita, no canto da parede, entre a sala e a cozinha, e de frente para duas janelas lindas (e sujas). 

Dei-lhe outro sentido, é uma mesa de escrever. Em retorno, ela me “deu” inspiração para rascunhar ideias. E tem ela certo charme, principalmente quando coloco um vaso com flores em cima .  Aos poucos reuni meus papeis, livros, laptop... e raramente a utilizamos para as refeições.
Hoje, ao invés de olhar fixo para uma lâmpada eu olho através da janela e busco o meu pensamento. 

O que vejo lá fora? Hmm... Além da estação de trem e dos edíficios marrons... Vejo pássaros que se confundem como suicidas no topo dos edifícios, esquilos correndo pelo pouco verde... ao redor, tudo é concreto. 

No inverno(now)a paisagem é mais dramática, o colorido se perde na fumaça do céu, os dias são curtos e intensos. Os pássaros não cantam no inverno, confusos com a escuridão das manhãs e vêm fazer sereneta à noite. Um pássaro confuso ainda assim canta. 

Raramente vejo pessoas perambulando por aqui, moro num bairro tranquilo. Mas escuto gritos de casais que às vezes “se pegam” na estação, geralmente bêbados. Escuto conversas em outros idiomas - e se os entendesse me contariam qualquer banalidade que não desejo saber. Vejo os dias passando, mas o meu tempo é diferente. É de quem ainda não chegou ao seu destino.

Não sou voyeur, o que busco através da janela é a imaginação da vida. Não quero nenhuma cópia. A importância de uma janela, é a narração silenciosa que ela oferece. A minha janela tem olhos de alma. Os meus olhos, a imagem do coração.


domingo, 10 de fevereiro de 2013

Vazio 



Desconfio que minha alma dança em alguma rua de Carnaval

Enquanto meu corpo encarna esse frio.
 

Meu corpo apedrejado por um paralelepípedo frio.

Minha alma pediu licença pra abusar da alegria. 

 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013



Um post estranho

Eu sofro de “blogueios” criativos. Não é a primeira vez que tento fazer um blog e paro no meio do caminho. Meu problema vai além de um simples bloqueio, gosto de escrever sem obrigação (amadora séria). A coisa perde o ritmo, o “assunto” e não alcança nem a média de 5 leitores por post. Mas aqui estou eu tentando manter a promessa diária de escrever sobre a escrita, sobre a vida, sobre as duas coisas juntas...  

Hum... Não me sairá agora outra coisa além de um texto fraco das pernas. Estou desanimada, confesso. E sem saber por que. É o mal estar da internet e das redes sociais? Tanta informação há de fazer algum mal. As opiniões desnecessárias de usuários anônimos me deixam com náuseas. Eu me irrito com certos comentários na internet, sim! A minha impressão é que algumas pessoas lêem as informações pela metade, de uma forma ansiosa... e pronto, jogam comentários precipitados. Com a intenção de criar polêmica ou de espalhar a peste, o mal da ignorância. E o debate se desenrola na rede, sem nenhuma conclusão sensata. É uma falsa troca de comunicação...

Como não me indignar com as pessoas que postaram comentários (em jornais online!) deprimentes ou piadinhas imbecis sobre a tragédia na boate Kiss, no Rio Grande do Sul? Demonstrem o mínimo de respeito pelos familiares, por favor!, tenho vontade de gritar, mas me calo. O “bom” da internet é que um pode jogar qualquer lixo de opinião e não ouvir uma resposta inteligente em retorno. 

Abro um vídeo com um filme no youtube e os comentários vão além do conteúdo. Leio (com mais náusea) os comentários ofensivos  entre os usuários (xingam a mãe, o vizinho, o cachorro...), e me pergunto, as pessoas perderam a noção ou sempre foram assim?. Ou a internet apenas abriu o espaço para os palhaços anônimos e os desesperados pelos famosos 15 minutos de fama?  

Outra prova do meu cansaço - este texto está cansadíssimo. Recebi horas atrás um suposto email da minha ex-analista contando que havia sido roubada em Chipre (ilha situada no Mar Mediterrâneo), perdido passaporte, e precisava de ajuda. Respondi oferecendo qualquer apoio. Em poucos segundos, recebi outro email pedindo que depositasse mais de 2000 reais na conta de uma terceira pessoa. Identifiquei, em seguida,(um pouco tarde, talvez. Mas eram sete horas da manhã e não havia tomado meu café forte!) que alguém estava usando os dados da minha ex-analista e tentando aplicar o velho golpe...

Eu sei que este post não tem coesão e tampouco sentido. A vida também não tem, às vezes! Tragédias, corrupção, uso de má fé, crises econômicas... têm sentido? Enfim, alguma esperança ainda resta pois aqui estou escrevendo e tentando apresentar-me, ou apressar-me. 

Desconfio que sofro de uma crise do “não lugar”. Sim, me falta o gosto de pertencer a um lugar. Estar num lugar não me basta. Os pés tocam o chão mas não cavam a areia. 

Estou há tanto tempo fora dos trópicos que me sinto como Clarice Lispector no tempo em que ela morou na Europa e nos Estados Unidos: “Está me acontecendo uma coisa tão esquisita, com o tempo passando, me parece que não moro em nenhum lugar, e que nenhum lugar me quer”, desabafou ela numa carta a Fernando Sabino. 

O estrangeiro carrega essa “falta” no bolso da alma. Mas, no momento, eu me recolho com algum desconforto. Dores maiores são dissipadas em territórios brasileiros. 

Os que compartilham dessa mesma estranheza, único motivo pelo qual escrevo,talvez me entendam. Sim, é um sintoma de estranheza que surge de repente. De estranhar as pessoas ao redor, até mesmo as mais próximas, a vida e a sociedade, o país onde nascemos, o país onde vivemos... hoje me parece tudo tão surreal! Estranho, como se não fizesse parte desse mundo. Não me sinto nem em carne, talvez viva apenas por suspirar a cada meio minuto. 

Se alguém, hoje, me perguntasse de onde eu sou?, quem sou eu?, diria qualquer coisa inspirada no diálogo entre um homem, personagem X, que acaba de conhecer uma mullher, personagem Y, do filme “A música mais triste do mundo”:   

--- Você é americana?, pergunta o homem.
--- Não sou americana. Sou ninfomaníaca, responde ela tranquilamente. 

Por não pertencer a nenhum lugar, hoje eu sou qualquer coisa.

** E você, de que lugar estranho...?