quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Please don´t cry personality crisis don´t stop




Encontrei essa mensagem pelas ruas de Berlim. Não é ótima?
Por favor, não chore.
Crises de personalidade não param... ou não acabam?   

Uma crise até que faz bem,às vezes.Pra sacudir e mudar algo. O escritor, por exemplo, sofre de algumas crises, tais: 

Crise de ânimo – Parte um A primeira crise de ânimo acontece com as releituras infinitas dos capítulos mais recentes. O escritor, que antes pensava escrever a coisa mais criativa e original do mundo, começa a achar tudo uma por-ca-ria.
Crise de insônia – O escritor escreve em horários estranhos, sonha com os personagens, com eles conversa no caminho ao trabalho... Eu não tive uma crise forte de insônia, mas confesso que já não dormia bem como antes. Tentei escrever de madrugada ou de manhã bem cedinho, mas não funcionou. O meu horário de escrita é a noite (até meia noite porque depois você sabe que aparece fantasma na sala vazia, né? :P).  
Crise de solidão – Ih... A fase da solidão chega pela metade do livro quando você já está completamente imerso no universo da estória. Eu não deixei de sair pra me divertir, claro. E quando o fazia, tinha de me esforçar pra pensar em outra coisa que não fosse a personagem X. Além disso, sentia-me culpada por usar o único tempo livre (fim de semana) pra escrever. Os fins de semana viraram, então, um tormento, eu não queria voltar à realidade da Segunda-Feira, daí que:
Crise de ansiedade – Na metade do livro, eu ‘desparafusei’. Queria usar todo o tempo livre pra escrever. Comecei a fazer terapia semanalmente... Foi uma fase bem estranha, sombria. ‘Ninguém me entende!’ Procurei ajuda inspirando-me em outros escritores, em diretores, em filmes... Eu queria um consolo.  
Crise de inspiração – Nem me fale! Que me-do! Acho que todo mundo que trabalha com arte, música, etc, sente a presença desse fantasma de pés frios, vez em quando. Eu enchalhei no capítulo 9 do livro, por exemplo. Não teve jeito. E durou um mês. Não havia maneira de terminá-lo ou de fazê-lo um pouquinho melhor. Um mês de sofrimento. Rezei, chorei, fiz promessa. Assisti filmes, fui à exposições de arte, isso tudo pra me reanimar... Até que um dia, saiu o que tinha que sair e nem muito contente fiquei.
Crise de ânimo – Parte dois Passado o primeiro sufoco de inspiração, renasci com novo ânimo. Escrevi o capítulo 10, que pra mim significou o alcance de certa maturidade da escrita, e aquilo me encheu de força bruta. ‘Não desisto, não desisto’, repetia, quase me estapeando a cara.  O ‘nascimento’ de um capítulo vibrante e criativo enche o coração de alegria. Mas sabe que a tal, dura pouco...
Crise de gases nervosos – Só a bailarina que não tem! Mas escritor tem sim! Crise essa decorrente da ansiedade que me deixa sem quase respirar e consequentemente enche-me de gases (‘toma coca-cola pra arrotar’, diziam, mas quem disse que?.
Crise conjugal– O seu parceiro(a)tem que realmente amar você. Quer uma prova de amor? Escreva um livro. Sem amor, não tem literatura que resista. Não vou nem entrar em detalhes. Uma coisa digo: pobre do meu marido que teve de me aturar durante aquela época (e ainda me atura). 
Crise de inveja de outros escritores moderninhos que estão dando o que falar – Enquanto você escreve, beleza, você já se sente parte do universo dos escritores. Inocência. Passei meses no meu mundinho, escrevendo um capítulo atrás do outro, lendo, relendo cada frase; Existia nesse mundo algum outro escritor além? Sim, Clarice, Kafka, Lygia Fagundes... Todos distantes. Mas um dia você sai da casinha e se depara com  notícias de escritores novos (e sortudos, claro) publicando aqui ou acolá com editoras; pessoas normais como você, mas com os blogs mais acessados do planeta... Então, você se sente um nada. A crise de inveja aperta e você tem vontade de morder quem estiver por perto; Vai à terapia, e a terapeuta tenta convencê-lo “já eres um escritor” e recomenda uma simples chicotada no inconsciente pra que consiga terminar o troço do livro de uma vez. Sentir invejinha é normal. Mas não deixe que ela atrapalhe sua escrita, nem o faça desistir dela.  
Crise de ânimo – Parte três Crise seguida de várias taças de vinho. Você bebe, escreve, bebe. Ri sozinho, suja o teclado do laptop, chora. Ah, é um ânimo ao inverso. Você já não tem tanto ânimo assim, mas falta pouco, né? Você olha pra tela do computador com olheiras profundas... ‘fal-ga po-co essa porra’. O processo que levou quase dois anos... falta pouco. Alguns capítulos mais e depois a edição e depois hajknjwebdjscs@#$*... Falta pouco...
Crise de desespero – Com o livro pronto e editado (recomendo a ajuda de um editor ou de um escritor amigo ou da família) você abre a janela e é como se sentisse o vento forte no rosto pela primeira vez. Dá uma sensação de liberdade. Mas dura pouco, também. Logo você entrará no mundo obscuro das editoras que dizem não. Bom, ainda estou nesse processo... Então, a crise de desespero bate: você vê que os livros mais vendidos ainda não mudaram de tom; pouquíssimos, pouquíssimos são os que conseguem sobreviver de literatura; o país não incentiva leitura, não investe em educação; você previsa voltar a trabalhar com qualquer coisa pra se sustentar... Desespero! Que me levou a criar este blog e a pensar cada vez mais em tornar-me uma self-publised escritora (publicando por conta própria). Agora, já sei, a próxima crise será A crise digital. Me aguardem!

E você, tem crise de que?



quarta-feira, 30 de janeiro de 2013



Batuque é um privilégio

Vou direto ao: estou criando mais um blog – oh vida! – para relatar minhas experiências com a escrita no mundo digital. Se você, como eu, decidiu fazer da literutura ou da arte, whatever, a sua vida, aprochegue-se. Tentarei poupá-lo das minhas dores decorrentes do processo da escrita(o que me fez uma escritora desesperada; uma escritora sem livro publicado ainda. Mas o escritor moderno é um pouco de tudo: blogueiro, palhaço, publicitário, palestrante e às vezes um escritor sem livro publicado!). Dessa forma, o motivo deste diário (sou tão antiga) é relatar a minha tentativa de viver da escrita navegando no mundo digital, diga-se: Kindle, Kindle Fire, Apple Ipad, Iphones...

Começo Tudo começou com a ideia abstrata de um livro de aventuras, infanto-juvenil. Não quero entrar em detalhes do meu antes. Da minha vida. Eu decidi desde cedo, com impulso febril, ser jornalista. Por que? Porque queria escrever. Bom, do pouco jornalismo que pratiquei  restou-me uma ressaca sentimental. O jornalismo que eu queria – cultural,romântico – hoje em dia não serve nem pra enrolar o peixe podre do dia seguinte. Abandonei o jornalismo em partes. Em 2006 fui morar na Espanha e o tempo passou como se me desse uma bofetada,e aqui estou eu morando em Londres há quase três anos. Durante esse tempo, quero ressaltar, fiquei confusa e desesperada. Perdi a noção do que queria fazer. Trabalhei em lanchonetes, limpei chão, etc. A vontade de escrever continuava dentro de mim; acumulei o desejo, um dia colocaria tudo pra fora, pensava. 

Agora, darei um salto, detalhes não importam tanto.Em 2009 eu tive então a ideia de escrever meu primeiro livro (não posso fazer nenhum comentário sobre, pelo simples motivo: enviei o tal livro pra alguns concursos que não aceitam obras que tenham sido divulgadas, me calo).No primeiro instante, não me levei a sério. Escrevi a introdução e desisti depois do primeiro capítulo. Desistir é tentador! 

Um ano depois, com ajuda e total incentivo de um tio escritor, voltei a pensar no livro. Comecei a planejá-lo, a criar os personagens, a pesquisar sobre o lugar da estória... Enfim, terminei- o no segundo semestre de 2012. Falo assim, como se nem tivesse doído, mas encravou unha, coração e alma. Foi difícil pra ca-ram-ba! Agora é a luta para publicá-lo, e a jornada é pedregosa.

Durante o processo de finalização do livro eu me deprimi bastante. Entrei numa crise existencial sem tamanho. Comecei a fazer terapia, a buscar sentido... quando o sentido estava ali diante de mim, mas exigia-me forças pra não desistir. Larguei o trabalho que não me fazia feliz, ‘desparafusei’. Sem trabalhar, concentrei-me na edição final do livro e entre outras coisas, concentrei-me no desejo de sonhar. É possível fazer o que se gosta? Sim, sem esperar muito em troca. Apenas uma rima. 

Finalizado o livro, veio-me a necessidade de criar algo novo (keep writing), procurar trabalho ao mesmo tempo(viver sem grana é impossível!)e tentar equilibrar um trabalho sem vocação para, com a escrita desejo. Não tem sido fácil. Mas nesse tempo de folga, tive o privilégio de dedicar-me à contemplação dos dias, das horas e do pensamento. Conclusão: o mais importante é escrever. Se as coisas que escrevo venderão, quem vai saber! Eu sei que bunda vende como água, mas... Esse mundo não me parece muito justo mesmo, e eu não sei escrever sobre dicas de maquiagens e relacionamentos. Só quero escrever o que tenho vontade. E ponto. 

Infelizmente, não tenho uma receita de sucesso. Meu livro ainda está “engavetado”  enquanto aguardo notícias desses concursos literários... Por outro lado, editoras as quais entrei em contato, nem sequer aceitam receber o original para leitura... Como os novos autores sobrevivem, não sei. Quer dizer, sei: vivem desesperados, como eu. 

Novo projeto Comecei a escrever um livro de contos e já o tenho quase “prontito” para ser publicado. É aqui onde queria chegar, ufa! Quando alguém se propõe a trabalhar com arte, literatura, tem que ter a cabeça fresquinha e manter o foco. Como não vou abusar da paciência de Deus e implorar-lhe que me salve!, me ajude, decidi fazer por mim mesma. 

Estou organizando-me para publicar esse livro de contos no meio digital, para leitores de e-book. Sei que a coisa ainda não ‘colou’ no Brasil (pelo que tenho acompanhado) mas aqui na Inglaterra não se fala em outra coisa. Um e-book é tão normal quanto um livro de papel. O importante é ler e o Brasil precisa aprender essa lição básica. 

Depois desse bla bla bla, caso tenha interesse em seguir-me: pretendo contar sobre o processo de escrita, de publicação digital, etc. Quem sabe isso servirá de apoio a algum escritor inciante(amador)como eu?

Que não se desespere, espere! Se você acredita que tem talento (e não tenha medo de assumir o talento), não pare de escrever – essa é a minha dica-clichê do dia (taí, tenho várias dicas clichês). O talento é um privilégio. E uma coisa é certa, pode-se aprender a ser médico, físico, advogado, mas não existe escola que ensine uma pessoa a se tornar escritor. A escola da vida,sim, com uma boa palmatória.